domingo, 7 de maio de 2023


Quaresma, Vida, Morte 

Ressurreição






















Quaresma é tempo de conversão
Tempo de retomar as origens da criação
Com jejum, silêncio e oração 
Tempo de reflexão que adentra a alma e o coração.

Lembra-te que és pó, e ao pó hás de tornar
A quaresma nos convida a meditar:
Viemos da terra e a terra vamos voltar
A oração de benção e a cruz das cinzas em nossa fronte,
Marca esse encontro da vida e da morte.

 Neste mundo, estamos apenas de passagem
Somos seres frágeis, criaturas mortais
Corpo e terra interagem
E, no silencio da sepultura,
Terra e corpo se misturam

É a vida nua
Sem armadura
No silêncio e no vazio
Já não conta mais os dias nem o tempo
És livre
Despida de qualquer aprisionamento
   

Na luminosidade do sol,
Liberta da terra e do pó 
A alma parte só
Acompanhada pela nuvem do céu
Que a envolve com seu véu 
Para definitivamente entrar na morada céu 

 A essência daquilo que fomos e marcamos no palco da vida,
Não se apaga no tempo
Nem com o ultimo respiro
A morte não o fim
É recomeço,
 Para além do que os olhos podem ver
Lá a vida ressurge resplandecente
Desvelando o mistério da existência. 

... “o pó volta para a terra de onde veio,
E, o sopro vital retorna para Deus que o concedeu”(Ecl 12,7)
A vida é mistério sagrado 
É morrer no entardecer,
E, nascer no primeiro ato do amanhecer
É sopro do Espírito 
Há de se compreender, só no amor.

Tarde luminosa
Que a alma verá de Deus a face
Reclinando o seu corpo, numa entrega total
E, na casa de Deus, eternamente morar
E, celebrar a vida e a morte em jubilo pascal

Quarenta dias em deserto
Nas fendas mais profundas da interioridade e do  silêncio sagrado 
Momentos sensíveis e intuitivamente vividos
Na beleza da contemplação
No centro a Palavra de Deus
Divina Presença
Palavra-revelação,
Rosto da compaixão e do amor comunhão

Palavra,
Mestra e guia em nossa travessia pelo deserto da vida
Palavra profecia
Deus presente em todos os tempos,
Palavra viva
Mistério contido
Fonte de sabedoria
Digna e fiel
Porta aberta para o céu

Na espiritualidade da cruz
A vida se transfigura para além da noite escura tão solitária e tão dura
Ao amor não correspondido, no peito um coração ferido e o olhar sereno
No límpido horizonte, o sol já desponta vibrante e místico
Na plenitude da vida, a alma descreve em versos o dissabor da dor, a doçura do amor e a formosura da ternura tão delicada e pura

Ao clarão da aurora, lá no infinito, a vida ressurge tão bonita
Sob a luz da lua e ao som pascal da aleluia
Em suave melodia, saudando a vida
Sopro de Deus



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