O Silencio
O
silencio exprime grandes sentimentos: De
dor, alegria e amor
O
silencio dos grandes místicos, dos grandes santos, dos grandes amantes
Silencio
e reciprocidade do corpo e da alma
Silencio
saudável no desenvolvimento da espiritualidade
Sem
a dualidade do corpo e da alma
Silencio
sagrado!
Rito
de sabedoria universal
Entre
o mundo material e a vida celestial
Experiência
fundamental do encontro pessoal com o divino silencio de Deus
Clareando
a consciência da vida presente em nós
Que germina e cresce em profundo silencio
O
silencio pode ser também combate espiritual
Para
acalmar as tempestades da mente
E,
genuinamente, traduzir os sentimentos e ensinamentos que ás vezes
a mente não entende
Entrar
no silencio requer tempo suficiente para sintonizar o corpo, a alma e a mente
O
silencio não é separação, nem ruptura e nem fuga
O
silencio é harmonização do ser
É
caminho e oração
O
silencio não pode ser negociado
A
agua, o fogo, palavra, som...
Tudo
isto se encontra explorado
Apenas
o silencio não é comercializado
O
silencio é dom total
É
um fundo musical suave e envolvente
Que
une o céu e a mente ao som do silencio
E
se revela mistério – kénosis de amor
Tudo
é autentico na mística da consciência
Integrado
ao discernimento difere o superficial do essencial
Tudo
fica preenchido de calma, alma e paz
Levá-lo-ei
ao meu silencio e aí lhe falarei ao coração (Oséias 2,16)
Infinito
silencio!
Luz
e consciência na essência da divina presença
Deus
se revela suavemente como o murmúrio de uma leve brisa (1Rs, 19)
O silencio torna-se oração que une corações:
O
coração do orante e o coração de Deus
Em
diálogo e ternura
Beleza
e simplicidade entre o criador e a criatura
No
aconchego e intimidade do “eu” original
A
razão se cala
Em
reverencia a divina presença do ser em Deus
O conhecimento
de si e o conhecimento de Deus não se opõem
Assim como
expressa Santa Teresa de Ávila: “Eu te busco
em mim, eu te busco em Ti
Porque és o meu aposento,
És minha casa e morada
E assim chamo em qualquer tempo,
Se acho no meu pensamento
Estar a porta fechada...”
O
amor de Deus é surpreendente
Escuta
e fala no silencio da gente
O
silencio é a forma com que Deus vem ao nosso encontro
O
silencio é busca, respostas e encontros
Silêncios
que se fundem
Tão
sereno e tão profundo
O
silencio não é solidão
É
mística e contemplação na plenitude da solidão
É
atravessar o deserto existencial e entrar no manancial da interioridade
Mergulhar
no oásis da presença sagrada e aí descansar a alma
Junto
ao manancial cantar hinos de louvor ao criador em harmonia com a criação,
E
a multidão dos pobres em busca de pão
Pão
do corpo, pão da justiça, pão da cura, pão da ternura, pão da calma, pão da
alma...
No
silencio há ausência e presença
Se contempla dois momentos fortes a vida e a morte
Existe
o silencio da negação
O silencio dos indiferentes
O
silencio como proteção de certas imposições
O
silencio da morte
O
silencio da ausência
O
silencio das madrugadas
Ninguém
pode fugir da voz da consciência latente na casa da sua mente
O silencio
nunca é um vazio interior, vai além das aparências dos sentimentos
É
autoconhecimento que movimenta o sentido da nossa existência
O
amor de Jesus Cristo passou pela solidão da paixão e o silencio do céu
A
solidão de Cristo nas longas caminhadas da Palestina
A
solidão no deserto de quarenta dias e ainda foi tentado pelo diabo
Cristo
passou pelo cansaço, a sede e a fome...
E
disse: não só de pão vive o homem (Mt 15, 34)
A
solidão da cruz tão sombria e tão fecunda
A
noite anterior a sua morte no jardim do Getsemani, Cristo ficou triste e abatido
Prostrou-se
com o rosto no chão no jardim da oração
Em
que seu coração intuía o abandono e a traição daqueles que te seguiam
No
Getsemani da vida, ressoa seu forte grito
Um
Som, um vazio, um clamor querendo ser ouvido
Meu
Pai se for possível, afasta de mim este cálice (Mt 26,39)
Da
terra ao infinito estremeceu esse grito
Preludio
de dor de um coração que transbordava de amor
Um
silencio contido no âmago ferido por ser entregue nas mãos dos inimigos
No
jardim da decisão, levaram o Filho Amado à prisão, aos acoites, a cruz e a
morte
Noite
triste e sombria o Cristo foi insultado, atormentado e ferido por tiranos
soldados
Meu
Deus, meu Deus, por que me abandonaste? (Salmo 21)
Um
clamor humano, dilacerante em seus lábios agonizantes
Quem ama de verdade, ama em profundidade
O silencio é feito de buscas, de cruzes, de dores e alegrias
De comunicação e revelação
De crucifixão e de ressurreição
Libertação e salvação
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