Quaresma, Vida,
Morte
e
Ressurreição
Quaresma
é tempo de conversão
Tempo
de retomar as origens da criação
Com jejum, silêncio e oração
Tempo
de reflexão que adentra a alma e o coração.
Lembra-te
que és pó, e ao pó hás de tornar
A
quaresma nos convida a meditar:
Viemos
da terra e a terra vamos voltar
A
oração de benção e a cruz das cinzas em nossa fronte,
Marca
esse encontro da vida e da morte.
Neste mundo, estamos apenas de passagem
Somos
seres frágeis, criaturas mortais
Corpo
e terra interagem
E,
no silencio da sepultura,
Terra
e corpo se misturam
É a vida nua
Sem armadura
No silêncio e no vazio
Já não conta mais os dias nem o tempo
És livre
Despida de qualquer aprisionamento
Na luminosidade do sol,
Liberta da terra e do pó
A alma parte só
Acompanhada pela nuvem do céu
Que a envolve com seu véu
Para definitivamente entrar na morada céu
A
essência daquilo que fomos e marcamos no palco da vida,
Não
se apaga no tempo
Nem
com o ultimo respiro
A morte não o fim
É recomeço,
Para além do que os olhos podem ver
Lá a vida ressurge resplandecente
Desvelando
o mistério da existência.
... “o
pó volta para a terra de onde veio,
E, o
sopro vital retorna para Deus que o concedeu”(Ecl 12,7)
A
vida é mistério sagrado
É
morrer no entardecer,
E,
nascer no primeiro ato do amanhecer
É
sopro do Espírito
Há
de se compreender, só no amor.
Tarde
luminosa
Que
a alma verá de Deus a face
Reclinando
o seu corpo, numa entrega total
E,
na casa de Deus, eternamente morar
E,
celebrar a vida e a morte em jubilo pascal
Quarenta
dias em deserto
Nas
fendas mais profundas da interioridade e do silêncio sagrado
Momentos sensíveis e intuitivamente vividos
Na beleza da contemplação
No
centro a Palavra de Deus
Divina
Presença
Palavra-revelação,
Rosto
da compaixão e do amor comunhão
Palavra,
Mestra
e guia em nossa travessia pelo deserto da vida
Palavra
profecia
Deus
presente em todos os tempos,
Palavra
viva
Mistério
contido
Fonte
de sabedoria
Digna
e fiel
Porta aberta para o céu
Na
espiritualidade da cruz
A
vida se transfigura para além da noite escura tão solitária e tão dura
Ao
amor não correspondido, no peito um coração ferido e o olhar sereno
No
límpido horizonte, o sol já desponta vibrante e místico
Na
plenitude da vida, a alma descreve em versos o dissabor da dor, a doçura do amor e
a formosura da ternura tão delicada e pura
Ao
clarão da aurora, lá no infinito, a vida ressurge tão bonita
Sob
a luz da lua e ao som pascal da aleluia
Em suave
melodia, saudando a vida
Sopro
de Deus